terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A caminho do planetário (Walter Benjamin)

Se, como fez uma vez Hillel com a doutrina judaica, se tivesse de enunciar a doutrina dos antigos em toda concisão, em pé sobre uma perna, a sentença teria de dizer: "A Terra pertencerá unicamente àqueles que vivem das forças do cosmos". Nada distingue tanto o homem antigo do moderno quanto sua entrega a uma experiência cósmica que este último mal conhece. O naufrágio dela anuncia-se já no florescimento da astronomia, no começo da Idade Moderna. Kepler, Copérnico, Tycho Brahe certamente não eram movidos unicamente por motivos científicos. Mas, no entanto, há no acentuar exclusivo de uma vinculação ótica com o universo, ao qual a astronomia muito em breve conduziu, um signo precursor daquilo que tinha de vir. O trato antigo com o cosmos cumpria-se de outro modo: na embriaguez. É embriaguez, decerto, a experiência na qual nos asseguramos unicamente do mais próximo e do mais distante, e nunca de um sem o outro. Isso quer dizer, porém, que somente na comunidade o homem pode comunicar em embriaguez com o cosmos. É o ameaçador descaminho dos modernos considerar essa experiência como irrelevante, como descartável, e deixá-la por conta do indivíduo como devaneio místico em belas noites estreladas. Não, ela chega sempre e sempre de novo a seu termo de vencimento, e então povos e gerações lhe escapam tão pouco como se patenteou da maneira mais terrível na última guerra, que foi um ensaio de novos, inauditos esponsais com as potências cósmicas. Massas humanas, gases, forças elétricas foram lançadas ao campo aberto, correntes de alta freqüência atravessaram a paisagem, novos astros ergueram-se no céu, espaço aéreo e profundezas marítimas ferveram de propulsores, e por toda parte cavaram-se poços sacrificiais na Mãe Terra. Essa grande corte feita ao cosmos cumpriu-se pela primeira vez em escala planetária, ou seja, no espírito da técnica. Mas, porque a avidez do lucro da classe dominante pensava resgatar nela sua vontade, a técnica traiu a humanidade e transformou o leito de núpcias em um mar de sangue. Dominação da Natureza, assim ensinam os imperialistas, é o sentido de toda técnica. Quem, porém, confiaria em um mestre-escola que declarasse a dominação das crianças pelos adultos como o sentido da educação? Não é a educação, antes de tudo, a indispensável ordenação da relação entre as gerações e, portanto, se se quer falar de dominação, a dominação das relações entre as gerações, e não das crianças? E assim também a técnica não é dominação da Natureza: é dominação da relação entre Natureza e humanidade. Os homens como espécie estão, decerto, há milênios, no fim de sua evolução; mas a humanidade como espécie está no começo. Para ela organiza-se na técnica como physis na qual seu contato com o cosmos se forma de modo novo e diferente do que em povos e famílias. Basta lembrar a experiência de velocidades, por força das quais a humanidade prepara-se agora para viagens a perder de vista no interior do tempo, para ali deparar com ritmos pelos quais os doentes, como anteriormente em altas montanhas ou em mares do Sul, se fortalecerão. Os Luna Parks são uma pré-forma de sanatórios. O calafrio da genuína experiência cósmica não está ligado àquele minúsculo fragmento de natureza que estamos habituados a denominar "Natureza". Nas noites de aniquilamento da última guerra, sacudiu a estrutura dos membros da humanidade um sentimento que era semelhante à felicidade do epilético. E as revoltas que se seguiram eram o primeiro ensaio de colocar o novo corpo em seu poder. A potência do proletariado é o escalão de medida de seu processo de cura. Se a disciplina deste não o penetra até a medula, nenhum raciocínio pacifista o salvará. O vivente só sobrepuja a vertigem do aniquilamento na embriaguez da procriação.

Walter Benjamin

sábado, 29 de outubro de 2016

sábado, 22 de outubro de 2016

















"pensar é 








estar 







doente dos olhos"




























aprender
não ler






























construo no tempo
meu corpo com espaço

































guardião 
pé de terra 
afundou suas
fés brotou 
da semente
sembrou
novas
eras




































busco um
sonho 
co lírio
























busco
 símbolo
da vida











ou








vida
que busca
símbolos












viver 
a doença
é curar
a morte























viver 
sem se apegar
nem abandonar
o viver




















segunda-feira, 10 de outubro de 2016

/ União da tecnologia digital e eletrônica com a tecnologia agroecológica - hackers e agricultores juntos e misturados.

/ União da oficina de madeira, atelier, luthieria, com a oficina de ferramentas - pincel, facão, tobata, serra, chave de fenda, - artista, artesão, artecultor, apicultor, marcineiro, construtor, inventor, escultor - arte e floresta - sumir com a divisão,
Cortar a arte em mil pedaços e salpicar os pequenos pedaços sobre a terra.

/ Tudo que a mão toca com carinho e interesse.

 / Estúdio no meio da horta.
Trabalhar na horta pela manhã, gravar no estúdio pela noite.
Viver uma unidade de sentido.
Descobrir um elo na contradição.

/ um lugar para se construir e mergulhar. Depois polinizar. Trazer polinizadores. Abrir-se como uma flor. Atrair polinizadores depois dispersar / fecundar / ampliar e retrair / respiração .

/  ir e voltar como água vento


quinta-feira, 6 de outubro de 2016