O palhaço e a contorcionista
Num entre atos atras das cortinas,
desgraçadamente se encontram nos bastidores
o palhaço sem graça e contorcionista tímida,
aproveitam pra tomar uns tragos.
Ao ver que menina o encara,
Sem graça o palhaço sorri.
Ela rir de vergonha e
Por trás da lona se esconde.
- nunca gostei de palco, ela diz se contorcendo.
-nunca gostei de aplausos, contesta o palhaço
-tenho fotofobia, prefiro me esconder no contraluz, ela.
- sou anarquista, sempre me dei bem com o contra regra, ele.
- sou fatalista, prefiro saltar em queda livre do que viver em equilíbrio, ela.
- gosto de chorar em público, não há maneira melhor de rir de si, diz o palhaço.
- sempre rio fora de hora, ela ri, ninguém entende minhas piadas.
Os dois riem. Hahaha
- vivo sempre invertida, fugi do circo ao invés de fugir com ele, suspira nostálgica a cigana. Já pensou em fugir?
- não há como fugir de nós mesmos. Tu não te moves de ti. O palhaço tomou um tom serio. Fugir de que?
- queria fugir de ser eu. Sinto q não me caibo. Ser flexível não basta. Queria ser água, queria correr por todos os lugares ao mesmo tempo sem nunca ser nada.
- mas sushi num nada!hahaha
- adoro paixe cru! Você comeria um peixe vivo?
-ahh credo! Prefiro chucrute
- então quero ser gueixa! deixa?
- então serei samurai
- me mata bem lentamente em um golpe fatal?
Nesse hora os dois se olham e riem. Não há beijos que os olhos não deem.
- agora!
- mas agora?
- já disse que sou fatalista. Já ouviu falar de agorafilia?
- mas nem chegou...
- o samurai atirador de espadas
- ... e a gueixa harakiri.
- vamos fugir?
- pra onde?
Ela olha em todas as direções. Aponta pra cortina.
- ali!
- tem certeza?
- não! Hahahah
Num só pulo os se atracam.
E saem rolando e param num foco de luz.
Ignorando o publico continuam se contorcem fingindo que nada mais existe.
O publico assustado fica assistindo horrorizado!
Porem os dois não se importaram.
O mundo se apaga quando as luzes se acendem.